O presente estudo decorre de convite formulado ao ESFEP (Estudos e Sondagens da Faculdade de Economia da Universidade do Porto) pela Junta Metropolitana do Porto (JMP) para colaboração no quadro das conversações que este órgão deverá manter com o Governo no âmbito do processo de privatização da empresa ANA, Aeroportos de Portugal, S.A., com reflexos importantes sobre o Aeroporto Francisco Sá Carneiro (AFSC) e consequentemente sobre a realidade económica e social da Área Metropolitana do Porto e da Região Norte.
A Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) colaborara já em 2008 com a JMP, tendo desenvolvido um estudo, Barbot (2008), cujo objectivo fundamental se centrava na determinação do modelo óptimo de gestão para o AFSC. Em face de uma alteração fundamental das circunstâncias, o enfoque é agora claramente outro. Uma vez que está decidida a privatização total da ANA e, como tal, afastados modelos de gestão que incluam os poderes públicos em funções executivas, a tónica fundamental do presente estudo centra-se na elencagem de aspectos essenciais que deverão ser tidos em conta na hora de definir o caderno de encargos da operação de privatização, de molde a alavancar para o AFSC e para a região os potenciais efeitos positivos e a minorar os eventuais efeitos negativos decorrentes da passagem a um regime de propriedade e gestão privadas.
Tendo em vista este propósito, o presente estudo desenrola-se ao longo de três secções que a seguir descrevemos brevemente. Na primeira secção, procede-se a um breve enquadramento internacional, descrevendo-se os principais sinais de mudança estrutural em anos recentes na fileira do transporte aéreo e apresentando-se um conjunto de factos empíricos relevantes que têm de ser levados em conta no processo de análise prospectiva do negócio aéreo e aeroportuário, assim como na subsequente apreciação dos efeitos da passagem do AFSC para um regime de propriedade e gestão privadas.
Na segunda secção, procede-se à descrição da evolução recente do movimento de passageiros e carga no AFSC, actualizando Barbot (2008), à contextualização da sua importância no noroeste peninsular e, o que é mais relevante, à previsão do comportamento da procura de passageiros e carga nos próximos anos, até 2020. Neste contexto, procura-se complementar as previsões constantes de Barbot (2008) (actualizadas com base nos dados de passageiros e carga já conhecidos para 2011) com um novo método para a previsão do comportamento da procura, aproveitando o facto de a informação estatística actualmente disponível permitir o recurso, de forma robusta, a uma metodologia baseada na identificação e estimação de um modelo de regressão com base em dados históricos. Os resultados obtidos são fundamentais para se perceber em que medida a dinâmica futura da procura dirigida ao AFSC determinará as suas necessidades ao nível de investimento e financiamento até 2020.
Na terceira secção, faz-se uma breve digressão pela literatura económica ao nível do impacto das estruturas de governance na performance dos aeroportos, incluindo as questões dos efeitos da passagem da propriedade e gestão dos aeroportos para o capital privado, dos principais benefícios e custos associados aos modelos de gestão em rede e de gestão separada, e das modalidades de articulação entre a gestão dos aeroportos e os parceiros e interesses regionais e locais. Tendo em conta estes aspectos, bem como os elementos conhecidos até ao momento no que à operação de privatização da ANA respeita, a secção encerra com a apresentação de um conjunto de recomendações relativas a aspectos que parecem dever ser objecto de especial atenção na discussão sobre o caderno de encargos, dado o seu relevo para a continuação do sucesso do AFSC e em face do impacto deste sobre a região e a sua actividade económica e social.
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